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Gestão de negócios

A síndrome do pequeno poder (por Everton Gubert)

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Conteúdo publicado originalmente em dezembro de 2018. 

Em um artigo anterior falei sobre o poder e sua relação com a gestão utilizando uma frase de Mário Sergio Cortella que diz “Todo poder que não serve, não serve”. Apesar do trocadilho, a sabedoria profunda dessa frase tem me ajudado a não cair na tentação da vaidade e do ego, à medida que desenvolvo o meu papel de liderança.

Neste artigo resolvi explorar ainda mais o tema, tratando de uma dimensão distorcida do PODER: a “síndrome” do pequeno poder. Este problema que prejudica organizações no mundo todo, mas que aqui no Brasil tem aumentado nos últimos tempos, me parece mais ligada a um desvio de caráter do que à posição do indivíduo na sociedade, já que acomete pessoas de diferentes classes sociais e níveis intelectuais: porteiros, servidores públicos, policiais e, especialmente, colaboradores de grandes empresas.

O gatilho para essa síndrome se manifestar nesses indivíduos são situações em que eles têm o poder da última palavra. Um exemplo do que quero dizer é o caso dos porteiros: você pode ser o Papa, mas se você quiser entrar em um lugar onde atua um porteiro com a característica de pequeno poder, você só entra se ele quiser. Outro exemplo: você já teve algum imprevisto e acabou chegando atrasado para um voo, poucos segundos depois do fechamento do portão de embarque? Se lá você estiver tratando com um atendente com pequeno poder, dificilmente ele irá considerar que o seu atraso foi mínimo e tentar ajudar. Em casos assim, sensibilidade e bom senso seriam suficientes para solucionar imprevistos, mas profissionais com pequeno poder tomam decisões alinhadas com o seu desejo de provar que são eles que mandam, já que, no fundo, eles sabem que não mandam em nada.

Mas é nas grandes empresas que acontecem os casos mais prejudiciais e de maior impacto. Neste tipo de empresa geralmente há uma grande hierarquia de comando, o que torna muito difícil acessar o escalão principal para oferecer algo relevante. É compreensível e até lógico que, em função de suas agendas, as pessoas que tomam as decisões não consigam atender todos que querem oferecer algo, mesmo que seja extraordinário. Geralmente nesses casos há um “responsável” por atender e selecionar o que passa e o que não passa pra cima. E é aí que o bicho pega. Se a pessoa que faz este filtro não for um grande profissional comprometido com o resultado da empresa, interessado em fazer o melhor para a companhia e não pra ele, e aberto para ouvir novas possibilidades, qualquer tentativa de oferecer algo será uma longa novela. Só quem ganhará na história será ele, o cara do pequeno poder, com a atenção que vai receber, com reuniões infindáveis que ele vai marcar sem avançar na solução.

Geralmente esse indivíduo usa do sobrenome da empresa onde trabalha e é isso que o torna grande: “Eu sou o fulano, da XYZ S/A.”. Ele acaba sendo muito assediado por quem tem algo a oferecer para sua companhia, e quanto mais assédio, mais ele acha que ele é o centro do universo. Porém, ao sair dessa empresa, provavelmente nunca mais será lembrado, pois não usou seu tempo para construir relações nutritivas, de respeito, algo que fizesse com que as pessoas lembrassem dele pelo seu sobrenome, e não pelo sobrenome que pegou emprestado da empresa.

Há profissionais incríveis em grandes empresas que se comportam justamente ao contrário: são os que chamo de intraempreendedores. Optam por emprestar a sua visão, conhecimento, talento e garra para empreender em empresas grandes e já estabelecidas para torná-las ainda melhores. São pessoas de alto valor, com características marcantes de liderança e humildade como ferramenta de comportamento no trabalho. Profissionais com nome e sobrenome próprios e que normalmente são disputados por outras empresas. Conquistam o respeito do mercado, pois tratam as pessoas com quem se relacionam com respeito e atenção. Têm consciência do papel que desempenham, que faz parte da função ser assediado por pessoas e empresas que querem oferecer soluções e construir parcerias. É de profissionais assim que as empresas precisam: maduros, competentes e que sabem do seu valor, independente da função ou cargo que exercem.

Voltando aos porteiros, há os que conquistam respeito pela sua postura correta, educada e atenciosa de tratar as pessoas, e não porque têm a chave na mão. A dica para os leitores líderes e empreendedores é para ficarem atentos a seus liderados, se estão atuando com a energia do poder para servir ou se estão presos na síndrome do pequeno poder. Porque esta, do contrário, tem o único propósito de servir a eles mesmos.

Fonte

Artigo de Everton Gubert, fundador e diretor de Inovação da Agriness, para sua coluna “Ponto de Partida” na Revista Feed&Food. Publicado na edição de novembro de 2018. 

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